Exposição gratuita A Terra, o Fogo, a Água e os Ventos

Foto do espaço expositivo da Exposição A Terra, o fogo, a água e os ventos.
Conteúdo
  1. Um museu em movimento: a visão de Édouard Glissant
  2. Elementos centrais da exposição
  3. Obras e artistas em destaque
  4. Documentos e entrevistas inéditas
  5. Artistas contemporâneos e suas contribuições
  6. Reflexões sobre memória e cidadania

A exposição coletiva "A Terra, o Fogo, a Água e os Ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant" busca não apenas apresentar obras, mas envolver o público em uma verdadeira experiência sensorial e reflexiva sobre a memória, a paisagem e as relações humanas.

Este evento, que se destaca na programação da Temporada França-Brasil 2025, promete ser uma imersão no pensamento revolucionário de Glissant, um intelectual que desafiou as convenções e abriu caminhos para novas narrativas.

Um museu em movimento: a visão de Édouard Glissant

Édouard Glissant (1928–2011) foi um poeta, filósofo e ensaísta martinicano que dedicou sua vida a explorar as complexidades da identidade, da cultura e da relação entre os povos. A exposição homenageia essas ideias. O conceito de Errância, central em sua obra, propõe uma visão do mundo onde as identidades não são fixas, mas fluidas e em constante transformação.

Glissant imaginava um Museu da Errância como um espaço onde as memórias e as histórias se entrelaçam, desafiando as narrativas tradicionais e promovendo um diálogo entre diferentes culturas. Para ele, a errância é uma forma de resistência contra a homogeneização cultural, permitindo que cada indivíduo e comunidade traga suas próprias experiências e histórias para o espaço coletivo.

Elementos centrais da exposição

A exposição é estruturada em torno de duas ideias principais: a palavra da paisagem e a paisagem da palavra. Essas noções refletem a concepção de Glissant de que a paisagem não é apenas um fundo, mas um elemento ativo que molda nossas memórias e nossos discursos.

Entre os conceitos que permeiam a obra de Glissant, destacam-se:

  • Todo-mundo: a ideia de que todas as culturas e identidades são interdependentes.
  • Crioulização: o processo de formação de novas identidades a partir da mistura de diferentes culturas.
  • Arquipélago: a metáfora que representa a diversidade cultural e a conexão entre os diferentes elementos da sociedade.
  • Tremor: a ideia de que as mudanças e as incertezas são partes essenciais da experiência humana.
  • Opacidade: a noção de que cada indivíduo possui aspectos de sua identidade que não podem ser completamente revelados ou entendidos por outros.
  • A palavra da paisagem: a ideia de que as paisagens falam e comunicam suas histórias e significados.
  • Aqui-lá: a dualidade entre o local e o global nas experiências humanas.

Obras e artistas em destaque

A exposição reúne uma seleção de obras de artistas de renome, algumas das quais fazem parte da coleção pessoal de Glissant, atualmente preservada no Mémorial ACTe, em Guadalupe. Este acervo inclui:

  • Wifredo Lam
  • Roberto Matta
  • Agustín Cárdenas
  • Antonio Seguí
  • Enrique Zañartu
  • José Gamarra
  • Victor Brauner
  • Victor Anicet

Esses artistas, reconhecidos internacionalmente, compartilham experiências de diáspora e imigração, refletindo sobre suas identidades e as influências de suas trajetórias artísticas. Juntos, eles criam um diálogo visual que complementa e expande as ideias de Glissant.

Documentos e entrevistas inéditas

Além das obras de arte, a exposição também apresenta materiais inéditos, como cadernos, vídeos, fragmentos de textos e entrevistas de Glissant.

Uma das peças centrais é uma entrevista concedida em 2008 ao escritor martinicano Patrick Chamoiseau, que resultou no monumental Abécédaire. Essa entrevista oferece insights valiosos sobre o pensamento de Glissant e sua visão sobre a cultura e a identidade.

Artistas contemporâneos e suas contribuições

A exposição não se limita ao passado, mas também se conecta com a produção artística contemporânea, apresentando obras de mais de 30 artistas das Américas, Caribe, África, Europa e Ásia. Esses artistas foram convidados a refletir sobre a intersecção entre paisagem, linguagem e memória, criando uma experiência sensorial para o público.

As obras contemporâneas se entrelaçam com o acervo de Glissant, fazendo com que os visitantes experimentem o diálogo entre o passado e o presente, e como as ideias de Glissant ainda reverberam no mundo atual.

Reflexões sobre memória e cidadania

A exposição "A Terra, o Fogo, a Água e os Ventos" é parte de uma pesquisa mais ampla do Instituto Tomie Ohtake sobre a produção de memória.

Essa pesquisa é uma continuidade de iniciativas anteriores, como a mostra Ensaios para o Museu das Origens (2023) e o seminário Ensaios para o Museu das Origens – Políticas da memória (2024), que reuniram representantes de museus, arquivos e comunidades para discutir a preservação da memória cultural e os direitos de cidadania.

Quando: de 3/9 a 25/1/2026. Visitas de terça a domingo, das 11h às 19h (entrada até 18h).
Local: Instituto Tomie Ohtake. Endereço: Rua Coropés, 88, Pinheiros, São Paulo/SP.
Ingressos: gratuitos.
Classificação: livre.

Tati de Sá

Caminhante paulistana, que observa e trabalha com arte e cultura.

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